quinta-feira, 20 de novembro de 2014



É um tanto mar de alma, que transcende a palidez...
É de longe tanta a calma, que tormenta a embriaguez...
É Tão vil a pena palha, que não sobra lucidez...
É tão rente aqui tua palma, que me encosta salvidez...
É tão torta e lastra a fauna, que derrama insensatez...
É tão fosca a luz da sauna, que só embaça rispidez...
E tão fria a angústia câimbra, que recobra a sua tez...
E se faz robusta a falta que se sobra em minha nudez!
Consentida minha saudade, laço feito de vontade,
Arrastada em chão de mato, cinza pleno em véu de ato!
Um giz cru mal acabado, que desvela o fino trato,
Que fizeste em essensez!
Essensez, verbo inventado! De tortice, tão pensado:
Por pedir um resultado, do sem nome em meu sentir...
Do que explode em mal bocado, sem vocábulo expressado,
Do que fica enfim guardado, no silêncio a exprimir...
Que transpassa um só legado, de calar sem consentir.

Luciana Muterle Pazetto

quarta-feira, 24 de setembro de 2014



Quando menos se espera algo expande sem mexer,
Ou se esconde ou se aglomera, sem teu corpo perceber...
Em um dia tão igual, dos iguais junto aos demais,
Vem aquilo que sem nome se aconchega e te desfaz...
A princípio é devagar, corre manso e não faz mar,
Quando então sem de repentes, não se tem como arrancar...
Mas que isso desigual? Feito de um nada colossal...
Se refletido não tem visor,
Se mal sentido não tem valor,
Se escondido sobra vapor,
Se invadido se faz torpor...
Se imcompreendido, torna-se rente,
Borbulha aos debates da própria mente...
É muito novo e casual, mas vem do velho tão seu usual!
Vem de encanto, sem proceder, torna-se tanto um bem querer,
Torna-se findo o não saber...

Luciana Muterle Pazetto

terça-feira, 9 de setembro de 2014

É no minuto da incerteza, onde não sobra labaredas,
Que seu riso faz-se pranto, e perdes a graça do encanto...
É no disforme do branco que some, do silêncio imaculado,
Que não se enxerga mais de um bocado...
É onde a graça perde sua vez, lá onde sobra insensatez,
Onde seu viço corre, perde o rebolado, e tua angústia canta dobrado...
Na curva torta do seu caminho , no salto errado em desalinho,
Na trama morna de quem ficou, no entorno vago do que passou...
Ali no canto , há que se olhar!
Do desespero tornado caldo, a faísca lampeja do teu quebrado...
Reapara bem, não esmoece!
É ali no canto que esse fio tece!
Tem linha solta a fiar, te esperando afoita a se levantar,
Ergue tua mão, faz-te um legado,
Toma pra si o traço riscado!
É só lá com ele, que vai começar,
O teu passo novo, o teu fim pesar.
Mas olha, repara e não guarda para o amargo,
Seu altar de egoísmo canonizado!
Desfaz do teu hábito para recriar:
E arrisque outros tombos, em seu novo trilhar.

Luciana Muterle Pazetto

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

De tanta simplicidade se esgota a validade,
De tanto pormenor cai em bicas tal suor...
De tanta displicência faz montanhas de tormentas,
De tanto vendaval cobra líquido o temporal...
De tanta azucrinação some o sulco do silêncio a imensidão!
De tanta leveza a então soltura,
Não sobra em si um cisco em levedura...
De tanta falta sente o dia quente,
Não sobra vasto, um lastro pertinente...
De tanto encanto vão que corre solto,
Não fica um véu de gosto assim afoito...
De tanta luz carmim e desigual,
Só explode o gosto amargo, reluzente tal cristal...
De tantos se, talvez, sem ter porquê...
Só espelha esboço assim,
Semblante vago de você.

Luciana Muterle Pazetto

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Das minhas crianças...

É um melodrama, uma sinfonia...
Uma história sem tramas, minha carta de alforria...
Cada olhar que em mim confia,
Cada sorriso que me empregam,
Cada mão que corre para a minha,
Cada abraço que enternece...
Que seria eu como profissional,
Sem minhas crianças que me enobrecem?
Enaltecem minha alma com leveza e vastidão...
Vem até meu colo com ternura e mansidão...
Ou disparam e pulam correndo, alcançando meu coração!
Que, sem elas nada sou... Disso já sei!
Que seres humanos se tornarão com o tempo corrido em ventanias?
Talvez, quando estiverem adultas, por ventura, num encontro eu saberei...
Até lá, entrego o que sou a elas sem reservas!
Reabastecendo minha essência com alegrias,
Todo e cada um por um, o caminho que percorro estes meus dias.

Luciana Muterle Pazetto

terça-feira, 15 de julho de 2014



É!
A gente não escolhe com quem quer se importar,
Talvez seja isso que explique o mal-estar...
A gente não faz ideia do inferno que vai pisar,
Talvez isso explique o arriscar...
A gente não espera que algo possa piorar,
Talvez isso explique o fato de tentar...
A gente não imagina desabar,
Talvez isso explique a ideia de continuar...
A gente esquece ou finge assim o desesperar,
Talvez isso explique o tanto errar...
A gente não define o outro ímpar,
Talvez isso explique nosso pesar...
A gente vive assim, de não sei o que lá,
A gente sobrevive enfim, sob o passo que vai dar!
A gente morre assim, de viver para pensar!
E antes pensar fosse solúvel,
como respostas a engavetar...
Pensar nunca basta numa mente a questionar,
É essa larva... Derradeira, fina e bruta:
A necessidade constante do entendimento...
É este o mal que nos faz sem fim pulsar!

Luciana Muterle Pazetto

segunda-feira, 14 de julho de 2014



Fez-se da vertente uma corrente,



Translúcida, opaca, cheia de dentes!



Com termômetros e temores anuentes,



Com valsas bambas parcas entre as gentes!



Com invólucro parado,



Igual serpente!



Com rasgos bem guardados do presente,



Com passos acabados sempre ausentes!



Com trilhas, mil dobrados entre as sementes!



Com vultos separados envolventes,



Volúpia inestimada, tal a torrente...



Um morno enfim casado, a própria mente!



Em tênue aprendizado dos dormentes...



 



Luciana Muterle Pazetto